17 novembro 2010

RCA apoia realização de Simpósio sobre usos da internet em comunidades indígenas no Brasil

A Rede de Cooperação Alternativa (RCA - Brasil) é uma das apoiadoras do 1º. Simpósio sobre usos da internet em comunidades indígenas no Brasil, promovido pelo Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da Universidade de São Paulo. Membros de organizações indígenas integrantes da RCA irão participar dos debates que ocorrerão na cidade universitária da USP, de 24 a 26 de novembro de 2010.

Ainda incipientes em meados dos anos 2000, os projetos de inclusão digital em comunidades indígenas no Brasil ultrapassavam a centena no final de 2009 e de acordo com planos do Ministério da Cultura, este número deveria dobrar até o final deste ano. Diante dessa expansão e da sistematização desses programas, a realização de um simpósio indígena sobre usos da internet em comunidades indígenas pretende reunir na Universidade de São Paulo um grupo de 25 a 30 pessoas oriundas de comunidades indígenas de todo o país para trocar experiências e avaliar o impacto do uso da internet no dia-a-dia das comunidades indígenas. Os debates terão o formato de rodas de conversas, alternando entre o trabalho em grupos temáticos e as apresentações / discussões coletivas, e terão lugar no Núcleo de História Indígena e do Indigenismo (NHII) e no Laboratório da Imagem e do Som em Antropologia (LISA), ambos no campus da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo.

Além de observação presencial por parte da comunidade científica, haverá transmissão dos debates pela internet numa página do evento, a qual, entre outras funções, oferecerá aos internautas a possibilidade de interagir com perguntas enviadas para um moderador. Isso permitirá a um público amplo – inclusive aos moradores das próprias comunidades indígenas – de acompanhar os debates de onde estejam. A tarde do último dia será dedicada a responder às perguntas dos presentes, bem como àquelas enviadas por meios eletrônicos, que serão selecionadas por um moderador. www.usp.br/nhii/simposio

Local de realização

o    Antiga Biblioteca do Prédio de História e Geografia da FFLCH-USP, Cidade Universitária, USP, São Paulo.

Programação

Módulos

Módulo 1: internet do ponto de vista da comunidade: Quem está envolvido; importância e papel da comunicação; projetos de inclusão digital: como nasceram,iniciativas, gestão dos projetos e organização das parcerias; durabilidade e sustentabilidade técnica; dificuldades e problemas; sugestões.

Módulo 2: o mundo virtual – I: Troca de experiências no uso da internet; modos de interação; redes de interlocutores;

Módulo 3: o mundo virtual – II: Ferramenta existentes; construção do diálogo virtual; internet: canal de informação ou de expressão?

Módulo 4: síntese: internet pra quê?: Usos políticos e usos sociais; análise de resultados; conjecturas; possibilidades e utopias; problemas e dificuldades; demandas e sugestões.

Quarta, 24/11/2010

manhã (09:00 – 13:00): abertura, palavras dos organizadores, 1a. rodada – apresentação dos participantes e dos projetos de inclusão digital existentes em suas comunidades e 2a. rodada – definição das pautas específicas, a serem organizadas em função dos módulos

tarde (14:00 – 17:00): internet na comunidade, 3a. e 4a. rodada

Quinta, 25/11/2010

manhã (09:00 – 13:00): o mundo virtual – I, 5a. e 6a. rodada

tarde (14:00 – 17:00): o mundo virtual – II,  exibição do filme “Indígenas Digitais”, 7a. rodada

Sexta, 26/11/2010

manhã (09:00 – 14:00): síntese: internet pra quê?, 8a. rodada

tarde (14:00 – 18:00): respondendo às perguntas feitas durante todo o simpósio via internet, escolhidas por um moderador, bem como às perguntas das pessoas presentes, que não participaram dos debates, encerramento e palavras finais

 

Participantes expositores

  • Membros de comunidades indígenas beneficiadas por projetos de inclusão digital e envolvidos pessoalmente na realização, organização ou administração desses projetos, ou ativos no uso da internet.

AMAPÁ: Josinei Aniká dos Santos: jovem liderança, foi presidente da extinta Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque, aldeia Manga, TI Uaça I e II. Na aldeia, funciona um ponto de presença GESAC com conexão à internet. Josinei é usuário do ponto GESAC.  Ariné Waiana Apalai: ex-professor indígena, Ariné mora há alguns anos em Macapá onde atua como um dos principais representantes dos povos Wayana e Aparai junto à sociedade brasileira, transmitindo as demandas dessas comunidades. Nesta tarefa, a internet constitui uma importante ferramenta de comunicação, tanto com as populações indígenas, quanto com diversas instâncias da sociedade nacional.

RORAIMA: Maurício Yekuana: liderança Yekuana povoado de Auaris, TI Yanomami, e diretor da Hutukara Associação Yanomami. Entre outras coisas, Maurício é responsável pela área de comunicação da Hutukara, da qual construiu a página eletrônca: http://www.hutukara.org/

AMAZONAS: Elizeu Nascimento Pedrosa: co-administrador do CID – Centro de Inclusão Digital da Fundação Bradesco na comunidade do povoado da Iauaretê, TI Alto Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira. Povo Piratapuia. Raimundo Benjamim Baniwa: administrador do ponto de presença GESAC na escola Pamáali, comunidade Pamáali, médio rio Içana, TI Alto Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira. Povo Baniwa. Blog: http://rbaniwa.wordpress.com/ e http://pamaali.wordpress.com/ Daniel Baniwa: professor de educação indígena nas comunidades Baniwa da médio rio Içana, TI Alto Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira. Povo Baniwa. Blog: http://baniwaonline.wordpress.com/

ACRE: Jean Hundu Arara Jaminawa: liderança comunitária da aldeia Buritizal, TI Jaminawa – Arara do Rio Bajé, Marechal Thaumaturgo. Nesta aldeia, em 2003, foi implantada uma das primeiras conexão internet em comunidades indígenas na Brasil pelo programa Rede Povos da Floresta, em parceria com o CDI – Comitê para a Democratização da Informática e a CPI-Acre (Comissão Pró-Índio do Acre), entre outros. Jean é vice coordenador do OPIRJ – Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá, que foi uma das iniciadoras dos projetos de inclusão digital na região. Povo Arara Shãwãdawa / Arara do Rio Bajé.

RONDÔNIA: Almir Narayamoga Suruí: liderança suruí. Personalidade de destaque internacional, Almir foi o articulador de uma parceria firmada entre os Suruí e a Google para monitoração do território, via denúncias publicadas em tempo real no GoogleEarth. Muito ativos no uso político e estratégico das TICs, os Suruí contam hoje com um Ponto de Cultura Indígena financiado pelo Ministério da Cultura na comunidade da aldeia Lapetanha, TI Sete de Setembro, Cacoal. Povo Suruí. Chicoepab Suruí: membro da Associação Metareilá, onde funciona o ponto de cultura, aldeia Lapetanha, TI Sete de Setembro, Cacoal. Povo Suruí.

MATO GROSSO: Takumã Kuikuro: cinegrafista e internauta, usa bastante as mídias sociais “para ficar conectado” com o mundo. As comunidades Kuikuro do Xingú contam com um ponto de acesso instalado pelo Ministério da Integração Nacional através do programa Quiosque do Cidadão, situado na aldeia Ipatse, PI Xingú, Canarana. Povo Kuikuro.  Pirakuman Yawalapiti: liderança Yawalapiti. A comunidade Yawalapiti do Xingú conta com um ponto de acesso instalado pelo Ministério da Integração Nacional através do programa Quiosque do Cidadão, além dos pontos instalados no Posto Leonardo Villas Bôas, a pouca distância da aldeia. Pirakuman utiliza a internet como ferramenta de mobilização e articulação política, em prol de seu povo. Desde o ano passado, ele aparece regularmente em discussões do grupo virtual “literatura indígena” (literaturaindigena@yahoogrupos.com.br ). Povo Yawalapiti.  Kumaré Txicão: liderança Ikpeng, aldeia Ikpeng, PI Xingú, Feliz Natal, onde há um ponto de internet instalado por iniciativa da UNIFESP, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso. Povo Ikpeng. Karené Txicão: comunidade Ikpeng da aldeia Ikpeng, PI Xingú, Feliz Natal, onde há um ponto de internet instalado por iniciativa da UNIFESP, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso. Povo Ikpeng.

MATO GROSSO DO SUL: Devanildo Ramires: liderança da aldeia Te’yikue, TI Caarapó, Caarapó, onde funciona o Ponto de Cultura Teko Arandu, iniciativa do Neppi – Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas, da Universidade Católica Dom Bosco, financiado pelo Ministério da Cultura. As iniciativas de inclusão digital entre populações Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul adquiram um papel e uma importância aumentada no contexto da violência que caracteriza a situação dessas populações na região. Povo Guarani Kaiowá.  Elivelton de Souza: liderança da aldeia Te’yikue, TI Caarapó, Caarapó, onde funciona o Ponto de Cultura Teko Arandu, financiado pelo Ministério da Cultura, projeto desenvolvido pelo Neppi (Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Povo Guarani Kaiowa.

MARANHÃO: Paulo Gomes Guajajara: professor indígena na aldeia Presídio Zutiwa, TI Araribóia, Arame, cuja escola conta com alguns computadores conectados à internet por meio de uma antena do GESAC. Povo Guajajara.  Edivan dos Santos Guajajara: membro da comunidade da aldeia Presídio Zutiwa, TI Araribóia, Arame, e aluno da escola indígena onde funcionam alguns computadores conectados à internet por meio de uma antena do GESAC. Povo Guajajara.

CEARÁ: Járdilla Simões Jerônimo: professor de educação indígena e coordenador das atividades do CID – Centro de Inclusão Digital da Fundação Bradesco na comunidade da aldeia Lagoa dos Tapeba, TI Tapeba, Caucaia. Povo potiguara.

PERNAMBUCO: Graciela Guarani: mora hoje na comunidade da Aldeia Brejo dos Padres, TI Pankararu, Tacaratú, onde funciona o Ponto Digital Pankararu, uma iniciativa da ONG Thydewas financiada pelo Ministério da Cultura, como parte da rede Índios On Line, a rede de comunicação virtual mais abrangente entre povos indígenas no Brasil. Graciela faz parte do comitê gestor da rede Índios On Line, porém ela própria vem do Mato Grosso do Sul, onde organizava o blog da AJI – Ação de Jovens Indígenas, um grupo de comunicação indígena da aldeia Jaguapiru, TI Dourados. Povo Guarani Nhandeva. Portal: http://www.indiosonline.org.br  Alex Pankararu: administrador da rede Índios On Line, a rede de comunicação virtual mais extensa entre povos indígenas no Brasil. Alex mora na aldeia Brejo dos Padres, TI Pankararu, Tacaratú, onde funciona o Ponto Digital Pankararu, Ponto de Cultura que faz parte do projeto de rede Índios On Line. Povo Pankararu. Portal: http://www.indiosonline.org.br

BAHIA: Potyra Tê Tupinambá: membro do comitê gestor da rede Índios On Line, mora na comunidades da aldeia Itapoã, TI Tupinambá de Olivença, Ilhéus, onde funciona um ponto de conexão instalado por iniciativa da ONG Thydewas,  com antena do GESAC.  Povo Tupinambá.

RIO DE JANEIRO: Anapuáká Muniz Tupinambá Hã-hã-hãe: blogueiro, comunicador e criador de várias mídias e redes digitais que ele caracteriza como “etnomídias indígenas colaborativas”. Anapuáká mora no Rio de Janeiro. Povo Tupinambá. Blogs: http://www.webbrasilindigena.org/ e http://webradiobrasilindigena.wordpress.com/ Rede social: http://webbrasilindigena.ning.com/ Virgínia Gandres: coordenadora de campo na implantação dos Pontos de Cultura Indígena, pela Rede Povos da Floresta, organismo responsável pela coordenação e execução de  projetos de inclusão digital em comunidades indígenas desde 2003.

SÃO PAULO: Jerá Guarani: representante da comunidade Guarani da aldeia Tenonde Porã, TI Barragem, São Paulo, que conta com vários pontos de acesso à internet desde 2008: na escola indígena pela Secretaria de Estado de Educação, no CECI – Centro de Educação e Cultura Indígena pela prefeitura municipal de São Paulo, e no posto e Saúde. Jerá colaborou ao projeto de portal de comunicação Guarani, Tekoa Guarani. Povo Guarani Mbya. Portal: http://www.antharesmultimeios.com.br/yvyrupa/  Olívio Jukepé: blogueiro e liderança indígena, da aldeia Krukutu, TI Guarani do Krukutu, onde funciona um ponto de conexão à internet desde 2004. Além do blog, Olívio é autor de vários livros e é muito ativo nas mídias eletrônicas. Blog: http://oliviojekupe.blogspot.com/ Página da aldeia: http://www.culturaguarani.org.br/homebr.html

MINAS GERAIS: Jonesvan Xakriabá: liderança xakriabá, envolvido na realização do programa de inclusão digital na comunidade Xakriabá de Brejo Mata Fome, TI Xakriabá, uma das cinco primeiras conexões instaladas pelo programa Rede Povos da Floresta, em 2003. Povo Xakriabá. Nota: sairá de Santana do Livramento, RS, onde está estudando.  Ailton Krenak: liderança indígena e um dos pilares do movimento indígena brasileiro nos anos 1980, coordenador e co-fundador da associação Rede Povos da Floresta, organismo responsável pela coordenação e execução de  projetos de inclusão digital em comunidades indígenas desde 2003. Povo Krenak.

Realização:

o    Núcleo de História Indígena e do Indigenismo (NHII / USP)

Em parceria com:

o    Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA / USP)

Com Apoio de:

o    Rede de Cooperação Alternativa (RCA),

o    Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo

o    Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

o    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).